sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A mente perturbada de um fofoqueiro

Me arrumei e saí de casa. Levava comigo o trabalho da faculdade e uma mala preta cheia de roupas que tirei do meu armário para doação. A mala, eu estava indo deixar na casa da minha mãe, que se encarrega de doar tudo que eu não quero mais. Depois eu entregaria o trabalho.
  Entrei no ônibus, toda enrolada. Ainda bem que estava vazio, além de mim, somente um senhor. Logo que me acomodei, o celular tocou. Era uma amiga que iria me ajudar no trabalho, caso houvesse necessidade.
  -Oi amiga.
  - E aí, o trabalho?
  - Relaxa, amiga. Consegui.
  - Fez tudo, já?
  - Matei. Deu pra fazer tudo sozinha.
  - Ficou muito grande? Dividiu em tópicos?
  - Tá tudo dividido. Tá aqui comigo. Tô indo despachar isso logo.
  - Ah, que ótimo! Depois eu te ligo pra gente conversar. Acabei de chegar da academia. Vou tomar um banho.
  -Ih... Vai lá. Tem que correr antes que comece a feder! Hahaha. Beijo. 
  - Beijo, tchau.
  Nesse momento percebi que o senhor se afastou de mim e foi cochichar com o cobrador. Não entendi mas também não era da minha conta. Coloquei meus fones e me distrai ouvindo música e olhando a rua através da janela.
  Mais a frente observei uma viatura da polícia ao lado do ônibus. Normal. Da rua transversal, vieram mais duas viaturas. Comecei a ficar preocupada e a imaginar que talvez, o senhor tivesse assaltando o cobrador. Entrei em pânico e pensei - vou morrer - então, apertei o botão pra descer no próximo ponto. O motorista parou pra eu descer. As três viaturas pararam também. Nesse momento a minha hipótese havia se tornado fato. Desci do ônibus e saí correndo temendo uma bala perdida.
  Percebi que os policiais corriam atrás de mim. Minha reação imediata foi correr ainda mais rápido. Mas aí me veio a cabeça -Talvez eles queram uma testemunha - então parei. Eu parei mas a polícia não parou. Fui surpreendida com uma mata leão seguido da frase:
  - Cansou né. Quietinha aí que eu não quero te machucar. Vamos pra viatura e trás esse defunto com você.
  Ok. Eu fui pra viatura mesmo sem entender nada. - Defunto? Será que tem um defunto na viatura. Poxa, eu só queria entregar as roupas e o trabalho - Pensava, chorava e ia pra viatura.
  -Não chora não. Só vamos abrir essa mala na delegacia.
  Não entendia nada mas, cara, na boa... também não tinha condições de falar. Chegando na delegacia, levada pelo braço como se fosse uma fugitiva do pinel, comecei a ter noção do que podia estar acontecendo quando o policial que me "conduzia delicadamente" falou pra delegada:
  -Essa mocinha matou e esquartejou o marido. O presunto tá na mala e ela estava no ônibus indo despachar o corpo. Recebemos a denúncia e a interceptamos.
  Aquele maldito senhor.... Ele não se afastou de mim pra assaltar o ônibus. O coroa fofoqueiro me ouviu falando no telefone, entendeu tudo errado e chamou a polícia.
  Depois de tudo esclarecido, saí da delegacia dizendo que voltaria em breve. Assim que eu achasse o coroa fofoqueiro e cortasse ele em pedacinhos.



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