terça-feira, 8 de setembro de 2015

Bêbados - Insanos porém Rentáveis.

Esqueci minhas chaves. Como não havia ninguém em casa e já era tarde, fiquei ali, próximo ao portão do prédio. Enquanto esperava alguém chegar pra eu entrar, observava a movimentação do bar da esquina.

Na mesa mais próxima haviam duas senhoras. Até falavam baixo mas gesticulavam tanto que eu já aguardava o momento em que alguma delas deslocaria o punho. Altas, eram só as gargalhadas, típicas de quem está falando sacanagem. Copo vazio ali, era proibido. Não bebiam, entornavam. Duas esponjas vestidas como novinhas e carregadas na maquiagem. Hum... Tentando esconder a idade. Impossível! Aparentemente, prontas pro crime, no aguardo de algum garotão bobo que caísse em suas lábias ensaiadas e batidas.

Perto delas um casal visivelmente bêbado. Olhos marejados, riso frouxo. Carinhosinhos até demais. Recém namorados? Talvez. A cada cinco minutos um levantava pra ir ao banheiro. A essa altura,  fechar as calças pra que? Tenho dúvidas se as calças abertas eram pra deixar mais prática a próxima ida ao banheiro ou se era um detalhe tão sem importância que eles nem lembravam mais. Ou talvez, pra facilitar a troca de.... Bom, melhor deixar pra lá.

Tinha uma mesa cheia de homens. Uns coroas que falavam tão alto que era impossível não ouvi-los. O assunto... Hora futebol, hora mulheres da vida, aí pincelavam rapidamente pelas esposas (que se ouvissem a conversa seriam ex-esposas) e logo voltavam pro futebol e pras mulheres da vida. Gritavam, cuspiam no chão, avisavam pra todos aos berros que iam "dar uma mijada" e jogavam o resto da cerveja do copo fora pq estava quente. Essa mesa era repulsiva. Homens podem ser muito nojentos. Tanto quanto as mulheres da vida que eles costumam traçar. Ah... Como eu queria conhecer suas esposas....

Tinha uma garotada também. Com seus dezoito a vinte anos que exibiam seus copos sempre cheios e quentes, consequência de um porre já na primeira golada. Coitados, aprendizes de bebuns. Mas confesso que ouvir a conversa deles e observa-los era engraçado. Galera, só um conselho: Quando saírem pra beber, por favor! Meninas de saia, pagam calcinha. Meninos sem cueca, pagam cofrinho. Aliás, ali tinha uns cofrões... Me sentia uma fofoqueira e tinha ódio dos coroas nojentos que me atrapalhavam de ouvi-los melhor.

Por ser uma sexta feira e um local movimentado, passavam por mim outros bêbados oriundos de outros bares, mercados e lojas de conveniência. Um mendigo que usava sonda e segurava cuidadosamente sua garrafinha de pinga. Um garoto tropeçou e caiu na minha frente e seu amigo só tentou salvar a garrafa de Vodka que ele levava. Era uma vez uma Vodka e o nariz do garoto, que coma a queda, cortou o nariz no caco da vidro da garrafa quebrada. Sangrava horrores.

Comecei a pensar em escrever uma tese sobre bêbados mas, logo depois desisti. Percebi que o que dava dinheiro mesmo era dar porre nos outros. Não existe crise pra esse segmento. Aliás, com a crise, o bebum bebe mais. Quanto mais preocupado fica, mais bebe. Mais dinheiro gasta, mais preocupado fica e mais ainda bebe. Cara, na boa, achei a mina de ouro. Vou fabricar cachaça.



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